quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

Questões para 2011

Questões para 2011

1. A questão da mulher.

No mês passado, uma executiva de RH de um dos maiores grupos varejistas do país confidenciou, em um fórum privado, uma questão que ainda é bastante comum. O caso é o seguinte:

O RH do grupo varejista identificou e selecionou uma gerente sênior para assumir uma posição de liderança no primeiríssimo escalão da empresa.

O processo de análise de perfil e entrevistas levou dois meses e ao fim desse período, o RH informou à gerente de que ela tinha passado no processo e seria promovida, com aumento de salário, direito ao pacote completo de remuneração e benefícios de executivos que ocupam posição estratégica. Porém, ela teria de mudar de cidade (algo que a gerente sabia desde o inicio).

A gerente pediu uns dias para conversar com o marido. Resultado: ela declinou da promoção, pois o marido não aceitou mudar de cidade.

As mulheres têm conquistado mais posições executivas, mas há ainda um imenso caminho a ser percorrido.

No Brasil, elas ocupam 7% das cadeiras de presidente ante 2% em 2008. No nível de diretoria, os percentuais são 12,4% hoje ante 12,3%. E no nível de gerência, 23,3% contra 24,6% há dois anos*.

As empresas no Brasil já atentaram para a necessidade de criar políticas de gestão que estimule a retenção e a progressão na carreira delas. Isso deve se intensificar em 2011.

Mas ainda há uma barreira, dentro de casa, a ser transposta por muitas profissionais.
*Informação extraída do Guia VOCÊ S/A-Exame As 150 Melhores Empresas para Você Trabalhar.

2. A ascensão dos técnicos.

As carreiras técnicas de nível médio e superior ainda são vistas com desdém pelos jovens com acesso a educação de melhor qualidade.

Acontece que esses profissionais estão ganhando maior prestigio nas organizações, sobretudo os tecnólogos, que são os técnicos com diploma de terceiro grau e que começam a tomar as posições dos engenheiros.

A conseqüência da valorização é a expansão das matrículas. Em 2001, havia 56 mil matriculados nos cursos técnicos de nível médio e 27 mil nos cursos de graduação tecnológicas (técnicos de nível superior).

Em 2010 esse número pulou para 219 mil alunos nos cursos técnicos de nível médio e 89 mil nos de nível superior somente nas escolas federais.

Infelizmente, o índice de desistentes continua elevado: entre 10% a 50%.

3. A sucessão da velha guarda.

O raciocínio é do professor Joel Dutra, da Fundação Instituto de Administração, ligada à Universidade de São Paulo:


A estrutura de liderança do alto escalão das empresas no Brasil está cristalizada. Como efeito, os jovens líderes e os profissionais mais talentosos têm suas perspectivas de crescimento de carreira colocadas em stand by.


Isso faz com que muitos deles deixem a atual empresa para abrir o próprio negócio ou experimentar outra corporação, em busca de realização profissional.


O problema deve estar no foco de muitos presidentes de grandes corporações em 2011.


4. Geração Y no poder.


Já nas empresas que tem maior mobilidade, a Nextel é um exemplo, os jovens da geração Y (os nascidos a partir dos anos 80) começam a dar os primeiros passos como gestores.


A partir de 2011 a ascensão dos Y aos cargos de liderança deve se tornar um movimento de massa. Isso porque as empresas colocarão em prática seus planos de expansão nacional e, em alguns casos, também internacional.


Os jovens gestores ganharão a oportunidade de decidir sobre muitos dos problemas que eles criticam nas organizações.


5. O dilema de viver os valores.


Na semana passada, conversando com uma gestora de uma universidade privada de Campinas, ela me relatou a seguinte história.


O executivo de uma grande empresa do setor de cosméticas liga para a diretora da universidade pedindo que eles reavaliem a pontuação obtida pelo filho do executivo.


Ao ouvir a resposta negativa da diretora da universidade, o executivo anuncia seu “sobrenome” corporativo como quem diz, “você sabe com quem está falando?”.


O mais curioso é que a tal empresa do qual o executivo é empregado é uma das pioneiras na disseminação dos valores em suas práticas de gestão.


O caso ilustra bem a dicotomia do universo público e privado e ilustra como esse tema de valores é bem mais complexo do que parece.


O tema e sua implantação na gestão do negócio continuam sendo o desafio da gestão em 2011.


6. Os novos nichos de mercado (e de empregos).


O ano que está terminando foi próspero para muitos empreendedores que viram suas empresas deslancharem.


Um exemplo: o pulverizado mercado de varejo online, que vem empregando cada vez mais gente.


Em 2011 veremos mais novos negócios saindo da garagem.


7. A educação em xeque.


O sistema de ensino anda ruim das pernas e não é de hoje.


Segundo levantamento da Organização para o Desenvolvimento e Cooperação Econômica, no Brasil, as pessoas com idade entre 23 e 64 anos têm em média 7,7 anos de estudo. Índice mais baixo que o de países como México (8,8 anos), Coréia do Sul (12) e Estados Unidos (13,3).


Diante das boas perspectivas de crescimento, a pressão sobre o novo Governo, gestores de educação e diretores de universidade só vai aumentar em 2011.


Afinal, o país forma número de cérebros insuficiente para atender o ritmo de crescimento das empresas e do país.


Nas contas do professor Valério Maccucci, do Insper, seriam necessários 1,5 milhão de profissionais saindo todos os anos dos bancos das faculdades prontos para ingressar no mercado de trabalho.


Hoje, formam-se 800 mil jovens/ano.


Daí empresários, executivos de RH estarem buscando meios de evitar que o desenvolvimento nacional desacelere em função da falta de gente capacitada.


Tema que também vai estar quente em 2011.


8. Delegar, o desafio da liderança.


Plano de expansão das atividades principais, abertura de novos negócios e crescimento das equipes de trabalho.


Esse é o que está no planejamento estratégico de muitas empresas para os próximos anos.


Em 2011, os líderes vão ter de delegar responsabilidades mais do que nunca sob pena de frear o desenvolvimento de inúmeras atividades, diminuir a performance do grupo e ter uma crise de burn out.


Quem centraliza se estressa mais e não consegue formar sucessores.


9. Desenvolver, questão para os mais jovens.


Num cenário de crescimento acelerado não há lugar para quem quer ficar na zona de conforto.


Portanto, em 2011 vai se dar melhor quem investir no desenvolvimento pessoal e botar as habilidades a serviço do melhor resultado.


Fonte: http://vocesa.abril.com.br/blog/conversadecorredor/

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